Ritual da Metamorfose
A origem da máscara foi na pré história e figuravam a natureza. O homem primitivo, se mascarava para caçar, com o propósito de seduzir e manipular sua preza. Ao dissolver sua personalidade através da máscara, ganhava o consentimento de ser ou para aproximar-se das forças da natureza e mesmo dos deuses. Nos rituais, o xamã desenha com pigmentos, uma máscara no próprio rosto. A história nos conta, que na civilização egípcia tinha-se o costume de preparar máscaras funerárias, a fim de que o morto, fosse reconhecido, em sua “viagem”, ao mundo dos espíritos. Dessa época, a máscara mais famosa é de Tutankhamon (séc.XII a.C – Museu do Cairo). Podemos concluir então, que a máscara está muito mais ligada ao homem e sua essência, do que podemos imaginar.
No Teatro
A máscara como elemento cênico aparece na Grécia, lá pelo séc. a. C. Representava a Tragédia e a Comédia. Temos na Tragédia, assuntos ligados à natureza humana – deuses, destino e homens; enquanto que na comédia, temas como sociedade e política eram trazidos à tona (no entanto, “a comédia da existência humana” também pode ser analisada). As máscaras, com seus tipos fixos ( de personagens ou de emoção), eram trocadas várias vezes durante um espetáculo, de acordo com a necessidade dos atores.
Minha história com as máscaras
Querendo ou não, sempre tem uma máscara da comédia del’arte que nos cabe, não é mesmo? Os arquétipos da raça humana são reflexos de um corpo altamente animalesco e por conseguinte instintivo que o homem tem registrado em seu DNA. Não é a toa que Arlequino arma puçás e boas apenas para garantir um pedaço de pão. Pantalone, o velho babão, que tem no narigão caído, o símbolo de uma virilidade, onde o corpo não acompanha seus desejos. No Dotore, vemos a insensatez da intelectualidade, que quando não transmuta em sabedoria acumula em camadas e camadas de gordura e frases verborragicamente inúteis. Briguela, é capaz de qualquer coisa –qualquer coisa mesmo! Até matar, por um pedaço de pão. Capitão Matamouros – faz seu próprio lob a fim de manter a pose...E Isabela a bela? Se o mundo acabasse e sobrassem apenas as máscaras da comédia, ainda assim, seria possível descrever o ser humano. É incrível a capacidade que a máscara da comédia del’arte tem, de despertar em quem a usa, sentimentos e movimentos corporais que correspondem a ela. Já tive experiências assim, com a máscara do Briguela – é como se ela representasse o lado ruim das pessoas. Eu tenho uma máscara muito boa do Arlequino e um dia levei na escola. Um aluno vestiu a máscara e saiu literalmente pulando feito macaco!! Eu não gosto da palavra incorporar, mas como não me vem outra melhor, eu associo a destreza em improvisar a partir dos canovaccios com esse “estado” psicofísico. Participei da montagem de L’Arlequino – Dario Fó, com o grupo Trama-Tramóia sob a direção de Débora Serretiello. Na mesma época, a Troupe Atmosfera Nômade, a qual nossa diretora fazia parte, estreiou “Uma rapsódia de personagens extravagantes” – que revelava a proposta do grupo -técnica de clown e comedi del’arte. Meu marido nessa época tocava na Orquestra Experimental de Repertório – orquestra regida pelo maestro Jamil Maluf e que tem tradição em óperas – Fizeram o Barbeiro de Sevilha junto com a comédia del’arte. Como uma coisa puxa a outra, a Tiche Viana acabou nos ensinando a confecção das máscaras, a Soraya Saide desenhou nosso figurino e Cristiane Paoli Quito desenhou os adereços e batóquios. Nessa semana que passou, estudamos em Prática de canto a música caipira. Eu acho que o “caipira” tem pontos em comum com o Arlequino, assim como o nordestino. É possível fazer essas pontes?
maria Helena seu blog é um espetáculo,palmas!
ResponderEliminarJosé Geraldo
Maria Helena, estava estudando pra uma apresentação de esquete 13/07/2010 e encontrei seu Blog. Estamos recebendo diversas "ajudas" por assim dizer do céu, diversas coencidencias que nos mantem ativos. Acredito sim que há uma energia mágiaca que move pra frente tudo o que se relacione com comedia Dellarte.
ResponderEliminarObrigada por tudo